Neste ano de 2018, a Rússia sedia os jogos da Copa do Mundo Fifa de 2018. Esta é a 21ª edição do campeonato mundial de futebol.
Gigante em cada uma de suas características, a Rússia revela diversas curiosidades, seja em sua história ou cultura; e o Blog do Maurício Araya se aprofundou no assunto para mostrar algumas particularidades sobre o país sede da Copa do Mundo de 2018.

Apesar da abreviação, a Federação Russa leva o nome de sua república mais forte e importante, a Rússia; se espalha por uma região de mais de 17,1 milhões de km², por dois continentes, Europa e Ásia – ou do supercontinente Eurásia –, sendo a nação de maior extensão territorial do planeta.
Divide-se em mais de 80 partes, sendo 21 repúblicas ou territórios administrados por um chefe de Estado e um chefe de governo, 46 regiões administrativas ou províncias administradas por um governador, 9 territórios, 4 distritos autônomos administrados por um governador, 2 cidades federais – Moscou e São Petersburgo – e uma região autônoma.

A capital federal é Moscou, também seu maior aglomerado urbano. Entre as principais cidades, estão São Petersburgo (segunda maior cidade do país), Níjni Novgorod (conhecida por seu progresso econômico), Novosibirsk (terceira maior cidade do país e a maior da Sibéria) e Ecaterimburgo (principal centro industrial do país).
De sua população de 144,8 milhões de habitantes, 80% está na região europeia da Rússia. O país possui 130 etnias, ou seja, grupos culturalmente homogêneo. Grande parte segue a religião ortodoxa – estima-se em mais de 100 milhões de fiéis –, com minoria islâmica.

Além do idioma russo, possui mais de 30 línguas cooficiais e mais de 100 dialetos, entre eles tártaro e tchuvache.
Politicamente, a Rússia é uma república semipresidencialista, com um presidente, Vladimir Putin, e um primeiro-ministro, Dmitri Medvedev; bicameral, com uma câmara alta – equivalente ao Senado Federal brasileiro –, Soviete da Federação, e uma câmara baixa – equivalente à nossa Câmara dos Deputados –, Duma.
O país, hoje um um dos líderes mundiais de produção de carvão, petróleo e gás natural (graças às reservas minerais nas planícies da Sibéria), foi palco da primeira revolução socialista da história mundial.
Alicerces do maior país do mundo em extensão territorial
As bases da Federação Russa estão ainda no Século IX, com a fundação das cidades de Kiev e Níjni Novgorod pelos vikings – os guerreiros exploradores responsáveis pela colonização de grande parte da Europa –, na região da Europa Oriental.
Já no Século XIII, os mongóis – grupo étnico da Ásia Central – foram responsáveis pela conquista de grande parte do território atual da Rússia; e a política expansionista teve continuidade com o czar – título usado pelos monarcas do Império Russo – Ivan IV, no Século XVI.

Em meados de 1890, com grande parte da população vivendo na miséria, e 30 anos após a abolição do regime de servidão no país, surgem centros operários e grupos de orientação marxista – ou seja, inspirados na análise socioeconômica promovida pelo filósofo Karl Marx, sobre relações de classe e conflito social, que formam as bases do sistema socialista, proposto como sucessor do capitalismo –, entre eles o Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR).
A Revolução Russa e o protagonismo na bipolarização mundial
A derrota da Rússia na guerra contra o Japão, no início do Século XX – em que os dois impérios disputavam territórios da China e da Manchúria – desencadeou um movimento revolucionário; e, em seguida, a participação do país na Primeira Guerra Mundial (entre 1914 e 1918), com grandes baixas para a Rússia, pôs fim ao regime absolutista do czarianismo. A Revolução de Fevereiro derrubou a monarquia e a substituiu pela república parlamentar.
Por insistir na participação russa na Primeira Guerra Mundial, o governo provisório menchevique (facção minoritária do POSDR) perdeu apoio popular, e um governo revolucionário dos bolcheviques (facção maioritária do POSDR) foi instalado no fim de 1917, durante a Revolução de Outubro, e a ala bolchevique se transforma no Partido Comunista.
O regime distribuiu terras a camponeses e transferiu controle de indústrias para grupos de operários, e, em 1922, reuniu territórios do antigo Império Russo para criar a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
Após a Segunda Guerra Mundial (entre 1939 e 1945), a URSS emerge como segunda maior superpotência mundial, mesmo com a economia arruinada após o conflito. Na segunda metade do Século XX, os Estados Unidos se dedicaram a impedir a expansão socialista/comunista, o que abre espaço à Guerra Fria, que divide o globo em dois grandes blocos geopolíticos opostos.
A Corrida Espacial levou conquistas históricas à Rússia
Como parte do processo, URSS e Estados Unidos competiram pela supremacia na exploração espacial. Na corrida espacial, os soviéticos foram os primeiros a colocar um satélite artificial, o Sputinik 1, em órbita, em 1957 – um ano antes dos norte-americanos colocarem seu primeiro satélite, o Explorer 1, em órbita.

Apesar do pioneirismo soviético, o satélite tinha uma única função: transmitir um sinal sonoro, um bipe, sintonizado por radioamadores. Pouco mais de 20 dias em órbita, o satélite reentrou na atmosfera terrestre.
Um mês após o lançamento do Sputnik 1, a União Soviética enviou o primeiro ser vivo terrestre para a órbita da Terra, a cadela Laika. Em 1961, o cosmonauta soviético Yuri Gagarin foi o primeiro homem a viajar pelo espaço.
Em 1969, os norte-americanos conquistaram a Lua.
Crises, queda do regime soviético e abertura política e econômica
Na primeira metade da Década de 1980, o regime soviético começou a se enfraquecer. Em 1985, Mikhail Gorbachev deu início às reformas que resultaram no fim da URSS.
Em 1991, após um golpe fracassado liderado por setores conservadores do Partido Comunista e com o apoio das Forças Armadas, a URSS deixou de existir, dando espaço à Comunidade dos Estados Independentes (CEI) – formada pelas antigas repúblicas soviéticas (entre elas Armênia, Azerbaijão, Bielorrússia, Cazaquistão, Quirguistão, Moldávia, Rússia, Tajiquistão, Turcomenistão, Ucrânia, Uzbequistão), com objetivo de formar um comando militar unificado na região.
A partir de então, a Rússia passou por uma fase de liberação econômica, mas a transição para o capitalismo provocou inflação, recessão e desemprego no fim do século. Em 1998, a Rússia ficou no centro de uma crise financeira mundial.
Em 2009, a Rússia foi, de novo, abalada, desta vez pela crise financeira internacional que provocou mudanças na conjuntura econômica global, desencadeada pelo seu antagonista histórico, os Estados Unidos.
Atualmente, um rublo russo, sua moeda oficial, equivale a pouco mais de R$ 0,05.
Da montanha-russa à calmaria; do tabuleiro à roleta-russa
A estabilidade política e econômica dos últimos anos são creditados a Vladimir Putin – antigo oficial do serviço secreto de inteligência da União Soviética, a KGB –, que governa o país desde 1999, alternando mandatos de presidente e primeiro-ministro. Sua grande popularidade resiste às suspeitas de fraudes eleitorais e medidas consideradas antidemocráticas.
Apesar do seu protagonismo no Oriente Médio, as relações do país com a Síria são questionadas pela comunidade internacional, não somente pela proximidade com um governo repressivo acusado de tortura e uso de armas químicas, mas também por se beneficiar economicamente às custas do conflito armado.

O sólido relacionamento entre Rússia e Síria coloca um alvo no principal evento de futebol do mundo: o autoproclamado Estado Islâmico (EI), um dos atores principais da guerra civil na Síria, prometeu diversos ataques durante a Copa do Mundo.

